terça-feira, 9 de agosto de 2011

GERAÇÃO Z

sáb , 19/6/2010
daniella cornachione

Os responsáveis por contratações nas grandes empresas dizem há tempos que os jovens no começo da vida profissional têm se mostrado exigentes demais, apressados demais, arrogantes demais. Esses novatos estariam também mostrando grande preocupação em preservar um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Em teoria, é uma preocupação saudável, mas muitas empresas estranham que alguém assuma isso no momento em que disputa uma vaga.
Essa conversa ganhou mais consistência numa pesquisa abrangente, feita pela consultoria americana Universum com universitários, parte da geração Y – formada por jovens mais ou menos dos 20 a 30 anos. Trabalhos assim sempre são sujeitos a interpretação, mas ajudam muito a entender as mudanças de comportamento. Todo ano, a Universum entrevista milhares de estudantes no mundo todo. Em 2010, 25 países foram envolvidos. O Brasil foi o primeiro da América do Sul a participar.
O equilíbrio entre vida pessoal e profissional apareceu mesmo no topo das expectativas dos universitários brasileiros no momento — mas americanos e europeus priorizam a questão ainda mais. Outro quesito em que os americanos são mais exigentes é o comportamento ético e responsável da empresa em relação à sociedade e ao meio ambiente: os universitários de lá valorizam mais esse aspecto que os daqui. Os dados da Universum mostram que os brasileiros são menos sonhadores que os americanos e os europeus, apesar de todos valorizarem aspectos parecidos nas empresas.
Uma mudança no pensamento dos universitários americanos pode estar aproximando-os dos brasileiros. De 2008 para 2010, os americanos parecem ter ficado menos exigentes, o que talvez se explique pelo baque da crise econômica mundial. Colocamos mais detalhes na edição desta semana.
Um tópico que não entrou na revista, mas que vale ser abordado, é o embate entre duas gerações nas empresas. A entrada dos Ys no mercado, o começo da ascensão deles a postos de chefia e seu jeito novo de fazer as coisas têm exigido uma reação da geração anterior, os Xs (na casa dos 40 anos).

seg , 14/6/2010
daniella cornachione

Será possível imaginar como vai lidar com trabalho, daqui a alguns anos, a geração das pessoas que estão agora apenas chegando à faculdade? Alguns especialistas em recursos humanos acham que vale a pena fazer esse exercício mezzo sociológico, mezzo futurológico. E o retrato que vem aparecendo é de deixar qualquer chefe de departamento de cabelo em pé.
Os profissionais jovens de agora, que têm até 30 anos e formam a geração Y, já têm recebido críticas — só que as características que moldaram esse pessoal parecem ter se radicalizando na turma seguinte, apelidada de geração Z. Se o Y é questionador, o Z é rebelde sem causa. Se o Y foi mimado pelos pais, imagine a vida mansa que o Z está levando. O Y, na adolescência, já usava muito o computador, mas dividia o tempo com outras atividades. O Z, por sua vez, passa 80% do tempo livre (fora da escola e/ou trabalho) na internet. Essas impressões foram colhidas pela consultoria Dasein, de Minas Gerais. Adriana Prates, presidente da empresa, estuda o tema há alguns anos. “Essa geração tem atividade intelectual e multifuncional fortes, mas também é individualista e superficial”, diz. “Temos de tomar cuidado para não produzir uma geração de pessoas antissociais”.
Os Zs, de acordo com o recorte da Dasein, têm hoje até 17 anos. Ou seja, são crianças e adolescentes, ocupando no máximo cargos de aprendizes e auxiliares, o que dificultaria a avaliação. Adriana leva isso em conta. Não dá para afirmar com certeza que haverá entre os Zs uma parcela anormalmente grande de profissionais displiscentes e mimados, mas a forma como estão sendo educados preocupa. Tempo demais no computador, pouca interação “olho no olho”, falta de limites e expectativa de receber tudo muito facilmente formam uma péssima combinação, segundo a consultora.
A análise da Dasein traz também alguns pontos a favor da nova geração. A intimidade dos Zs com a tecnologia e as redes sociais os torna transgressores na forma de utilizá-las e hábeis para fazer mobilizações virtuais. “Eles são dominados pelas mídias sociais, mas também as influenciam. Estão liderando grandes movimentos na internet”, afirma.
(Adriana acrescenta um detalhe não tem nada a ver com trabalho: eles têm sexualidade livre, espontânea e fluida. “Os Zs se autointitulam bissexuais”, diz.).
Será que veremos, daqui a alguns anos, o pessoal da geração Y reclamando da moçada mais nova que entra no mercado sem conhecer limites, sem paciência e sem humildade?

ter , 18/5/2010
daniella cornachione
Eles são acomodados, dispersivos e perguntam demais; ou, descritos de outra forma, buscam equilíbrio, propósito e recompensa não só financeira com o trabalho. Esses são dois jeitos de enxergar a geração que chegou ao mercado de trabalho após o ano 2000. O que essas visões têm em comum é prestar atenção só à mudança de relacionamento entre o (novo) funcionário e a (velha) empresa ou chefia. Mas os “novatos” não seriam capazes de mudar também, por tabela, a vida dos colegas mais experientes, da turma de 40 anos ou mais?
Sempre lembrando que é impossível classificar pessoas de verdade em caixinhas nas quais se lê ”Geração Y”, ”Geração X” ou “Geração Z”, reuni alguns tópicos sobre possíveis mudanças (positivas) que o pessoal de 30-anos-ou-menos pode causar no mercado de trabalho.
A geração Y…
- leva as empresas a pensar de forma criativa em como balancear a vida familiar e profissional dos funcionários;
- incentiva as empresas a valorizar e oferecer oportunidades de realização de trabalho voluntário por parte dos empregos;
- estimula os empregadores a oferecer desafios mais estimulantes ao empregado;
- abre novos jeitos de a empresa e as chefias se comunicarem com as equipes.
Essa influência não deve acontecer só por tabela: um levantamento recente da consultoria de recursos humanos Hay Group com 5600 profissionais de até 30 anos mostrou que quase um quinto deles estão em postos de comando. Outra pesquisa, feita no Rio de Janeiro pela Great Place to Work (GPTW), especializada em ambiente de trabalho, sugere que há mais jovens nas empresas consideradas as melhores para trabalhar (embora isso possa ter a ver com um menor nível de exigência e crítica desses jovens para com seus empregadores, diria um cético…) 
Será que eles vão mesmo mudar alguma coisa?

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